quinta-feira, 8 de abril de 2010

Pesadelo em um dia de outono

Terça-feira, 6h30 da manhã acordo. Tudo escuro no quarto, meu irmão mais novo dormindo pesado e eu preocupado em entregar um importante trabalho na faculdade. Não liguei a televisão para não incomodar meu irmão assim como também não abri a janela do quarto. Apenas tomei um café da manhã reforçado e fui tomar um banho. Quando estava saindo, recebi uma ligação de uma colega do trabalho que mora em Niterói me avisando que não conseguiria chegar cedo ao trabalho pelo fato de a ponte estar fechada e as barcas sem funcionamento devido às fortes chuvas.


Intrigado, fui até a janela e percebi que o tempo realmente estava feio. Mesmo assim, resolvi sair de casa e ir para a faculdade – aquele trabalho realmente era muito importante e deveria ser entregue. Quando chego no bairro da Lagoa, onde estudo, tive que enfrentar água na canela e, quando enfim consigo chegar na porta da faculdade (já arrependido de ter saído de casa), encontro-a trancada e pergunto ao segurança o que aconteceu. Muito indignado com a pergunta, ele me responde: “O que você está fazendo aqui?! A cidade está um caos! Pessoas estão morrendo! Volte para casa”. Não sabia que a cidade estava totalmente parada. Mesmo assim decidi ir ao trabalho. Peguei o metrô e após 40 minutos parado em uma estação (o vagão estava lotado, claro) por conta de problemas, conseguir seguir viagem e chegar no trabalho (com a calça molhada até o joelho).

Ao chegar, percebi que era o único do meu departamento que estava no trabalho. Comecei a ligar para os meus colegas e para a minha gerente. Após inúmeras ligações, decidimos que era melhor voltar para casa e executar minhas tarefas de casa (estava claro que era o melhor a se fazer e que meu retorno não me traria penalidades na empresa). Assim foi feito, voltei para casa e, de lá, cumpri TODAS as minhas tarefas e ainda me coloquei a disposição para ajudar no que fosse preciso para que todos do departamento pudessem concluir as suas.

Na quarta-feira, ao chegar no trabalho, só se falava do caos do dia anterior. Todos contando suas aventuras, alguns contando histórias tristes de casas de amigos que tiveram de ser interditadas... Enfim, o assunto não poderia ser outro. Todos tinham a certeza de que a empresa entendia o caos da cidade e ninguém estava preocupado em ser descontado – até porque nossa empresa exibe com orgulho o selo “Great Place to Work”.

Doce ilusão! Nossa expectativa foi totalmente frustrada quando nossa gerente nos comunicou que não haveria abono nas faltas. Bem, gostaria de compartilhar com vocês minha indignação. É, no mínimo, hipocrisia da parte da empresa exibir um selo de “Melhores Empresas para se Trabalhar” e ter uma atitude como essa.

Enfim, só me resta lamentar e pagar as horas devidas...